sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Dimensão ecumênica do Leste II


A Equipe Regional de animação da dimensão ecumênica no Leste II se reuniu em Belo Horizonte, no dia 13 de novembro de 2012.
A convocação, feita por Dom Luiz Gonzaga, bispo auxiliar de Belo Horizonte, lembrava a importância desse trabalho e urgência da unidade entre os cristãos:
“A força da evangelização virá a encontrar-se muito diminuída se aqueles que anunciam o Evangelho estiverem divididos entre si. (…) Se o Evangelho que nós apregoamos se apresenta vulnerado por querelas doutrinais, polarizações ideológicas, ou condenações recíprocas entre cristãos, (…) como não haveriam aqueles a quem a nossa pregação se dirige vir a encontrar-se perturbados, desorientados, se não escandalizados?” (Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, nº 77).
Em sua carta aos bispos, Dom Luiz fazia um apelo à “sensibilidade para a importância que tem a dimensão ecumênica”. E falava do “intuito de articular melhor uma equipe da Pastoral para o Ecumenismo em nosso Regional, desejando comungar com mais representatividade os objetivos da Comissão Episcopal Pastoral para o Diálogo Inter-religioso da CNBB, bem como do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).”
De tudo o que foi tratado na reunião, quero partilhar algumas reflexões e encaminhamentos que julgo necessários e oportunos:
a) Ecumenismo não é brincadeira, não é liquidificador onde misturamos tudo, não é colcha de retalhos. Uma celebração ecumênica, por exemplo, não é aquela onde uma pessoa de cada Igreja ou denominação fala um pouco, mas aquela que, mesmo conduzida por uma só pessoa, atinge e envolve a todos, num espírito ecumênico de respeito e de abertura. Ou seja, ecumenismo é sobretudo o espírito da unidade, da tolerância, do diálogo respeitoso, do amor ao próximo.
b) É necessário tornar a dimensão ecumênica mais atraente. Como conseguir isso?
c) Procurar ouvir bispos e padres para entender por que muitos têm medo ou dificuldade para lidar com o ecumenismo.
d) Precisamos ser mais ousados e criativos. Ir às escolas, envolver os padres, professores, pastores, alunos, famílias. Promover encontros para reflexão, celebração e promoção da vida.
e) Despertar maior interesse nos seminaristas, para que em seus trabalhos, no estudo, na elaboração de trabalhos e monografias aprofundem melhor o tema e assumam essa causa.
f) Envolver também outros grupos como, por exemplo, a terceira idade e os jovens, para que em suas iniciativas e atividades tenham essa abertura para os diferentes.
g) Conhecer e divulgar os documentos da Igreja sobre o ecumenismo: Unitatis Redintegratio, Ut Unum Sint, Coleção Diálogo Ecumênico e Inter-religioso, da CNBB, manual de celebrações ecumênicas, da Ed. Paulus etc.
h) “Comprar a injeção, qualquer um compra, mas aplicar, poucos conseguem”. A dimensão ecumênica exige preparação e dom. Formação e coração aberto.
i) Há iniciativas muito louváveis, como o “Curso Alpha”, que propõe semanas missionárias sobre a evangelização numa ótica ecumênica.
j) O trabalho em prol do ecumenismo, como a própria vida, pode ser comparado com o eletrocardiograma. Sempre terá altos e baixos. O importante é que, por trás, haja um coração.
Fizemos uma reflexão a partir das “nove regras a serem observadas para que um texto conciliar fosse redigido em estilo ecumênico”, apresentadas pelo papa João XXIII no início do Concílio Vaticano II. Em síntese, dizia o Papa:
1) É necessário primeiro conhecer bem a fé, a vida litúrgica e a teologia dos ortodoxos e evangélicos.
2) Saber o que pensam da nossa doutrina e em que pontos a entendem bem ou mal.
3) Ficar atentos aos assuntos nos quais, segundo os não católicos, nosso ensinamento é omisso ou pouco esclarecido (Palavra de Deus, sacerdócio dos fiéis, liberdade religiosa etc.).
4) Examinar se nossa linguagem, nosso método escolástico (escolar), nossas expressões abstratas não são inacessíveis aos outros.
5) Cuidar para que os termos, palavras, imagens, qualificações não firam a sensibilidade dos outros.
6) Os julgamentos sejam maduramente ponderados, atendendo ao contexto em que serão lidos pelos não católicos.
7) Os argumentos devem convencer (não se trata de impor).
8) Evite-se toda polêmica estéril.
9) Os erros devem ser repelidos com lucidez, mas de modo que não se melindrem as pessoas errantes.
Ficou definido que nas reuniões de 2013 estudaremos os documentos Unitatis Redintegratio e Ut Unum Sint. A próxima reunião ficou marcada para 7 de março, às 9h, em Belo Horizonte.
“Com toda humildade e mansidão, e com paciência, suportai-vos uns aos outros no amor, solícitos em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef, 4,2-3).
Padre: José Antônio de Oliveira

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