terça-feira, 30 de abril de 2013

Somos povo em romaria


Foto: Somos povo em romaria

O caminho é um dos mais belos símbolos da vida e do cristianismo. A nossa fé nasceu com um homem idoso, Abraão, que deixou sua terra e partiu em busca do novo (cf Gn 12). Somos descendentes de um homem que, já na hora de se aposentar, aceitou o desafio de buscar com fé e ousadia uma nova razão para sua existência e uma vida melhor para o seu povo. Superou a tentação do cansaço e da comodidade.
O povo que nasceu dessa fé passou anos em caminhada por um longo deserto, lutando pra se desgarrar de um passado de exploração, de humilhações, e para conquistar a dignidade e a liberdade (Êxodo).
E foi do meio desse povo, sofredor e lutador, que nasceu Aquele que dividiria a História em antes e depois. Porque depois dele nada seria como antes. Esse Homem, não por mera coincidência, foi chamado pelos primeiros seguidores de “O Caminho” (cf At 9,2).
É por esse motivo que nós cristãs(ãos) nos consideramos “povo de caminheiros”, romeiros. Somos gente que caminha, não por caminhar, mas para alcançar metas e construir um futuro melhor.
Uma bonita expressão dessa realidade podemos experimentar na Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que acontece em todo o Brasil, sempre no dia primeiro de maio.
Na Arquidiocese de Mariana, ela chega à sua 23ª edição.
Para camuflar a dura realidade de muitas e muitos trabalhadores, e evitar manifestações contrárias à exploração, muitas empresas e prefeituras sempre organizaram festividades no Dia do Trabalho. Shows, festival de prêmios, brincadeiras etc. Uma ironia, pois essa comemoração foi criada justamente em homenagem à greve geral que aconteceu em Chicago, no dia 1º de maio de 1886, quando muita gente foi presa, ferida e até assassinada, por exigir respeito e dignidade. Diante disso, algumas entidades e grupos da sociedade e da Igreja de Jesus Cristo tiveram a iniciativa de promover algo mais de acordo com o espírito do dia. E uma das formas de expressar essa luta foi a criação da Romaria dos(as) Trabalhadores(as).
Cada ano, em nossa Arquidiocese de Mariana, concentramos o povo da luta em uma cidade, para caminhar, cantar, refletir, celebrar, se unir em torno de uma bandeira. Neste ano, em Viçosa, colocamos na mesa do debate e da celebração a realidade da Juventude, do trabalho e da água, como vítimas do capitalismo selvagem. O lema escolhido para ser o grito de ‘guerra’ é este: “Queremos outro desenvolvimento!”
Tudo isso está em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2013, sobre a Juventude, e com a 5ª Semana Social Brasileira.
Somos desafiados a ter um olhar crítico para a sociedade fundada no capital e no lucro, que coloca o desenvolvimento econômico acima da dignidade da pessoa. Uma sociedade dividida em classes, onde um grupo pequeno acumula e esbanja graças ao trabalho, às vezes desumano, de muitos. A sede insaciável de alguns provoca a exploração de muitos(as) jovens, transforma a sublime realidade do trabalho num peso, e faz dos bens naturais, que são comuns a todos, um instrumento de lucro para alguns e sofrimento para outros.
Em nossa região, preocupa-nos a falta de opções para a juventude, em termos de educação (embora tenha melhorado bastante), de lazer, de cultura, de trabalho... Muitos esbarram nas exigências de “boa aparência” (algo discriminatório) e de “experiência”. Como alguém que está começando pode ter já experiência?! Aqui entra também a questão da segurança, da violência, das drogas, da família, do sentido da vida, que afeta não só a juventude, mas a todos.
Com relação aos bens naturais, merece atenção especial a água, que é represada por empresas particulares, privatizada, comercializada, poluída. A ‘copasa’, por exemplo, já está no mercado de ações, na bolsa de valores. 
O minério, grande riqueza da nossa região, vai sendo vendido para os estrangeiros. Vai-se o minério, ficam os buracos, a poluição, a degradação ambiental, além de profundas feridas sociais.
“Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos...”, dizia o compositor e cantor Zé Geraldo. Não dá pra ficar parado, assistindo passivo a tudo isso, como se não fosse com a gente. Mas também não é fácil mudar algo que é cultural e estrutural. Só mesmo pela organização, pela mobilização, pela luta consciente e corajosa da sociedade organizada. E é esse o maior objetivo da Romaria dos trabalhadores, bem como de outras iniciativas que vão surgindo e pedem o nosso apoio: unir e mobilizar para mudar.
Pe. José Antonio de Oliveira
O caminho é um dos mais belos símbolos da vida e do cristianismo. A nossa fé nasceu com um homem idoso, Abraão, que deixou sua terra e partiu em busca do novo (cf Gn 12). Somos descendentes de um homem que, já na hora de se aposentar, aceitou o desafio de buscar com fé e ousadia uma nova razão para sua existência e uma vida melhor para o seu povo. Superou a tentação do cansaço e da comodidade.
O povo que nasceu dessa fé passou anos em caminhada por um longo deserto, lutando pra se desgarrar de um passado de exploração, de humilhações, e para conquistar a dignidade e a liberdade (Êxodo).
E foi do meio desse povo, sofredor e lutador, que nasceu Aquele que dividiria a História em antes e depois. Porque depois dele nada seria como antes. Esse Homem, não por mera coincidência, foi chamado pelos primeiros seguidores de “O Caminho” (cf At 9,2).
É por esse motivo que nós cristãs(ãos) nos consideramos “povo de caminheiros”, romeiros. Somos gente que caminha, não por caminhar, mas para alcançar metas e construir um futuro melhor.
Uma bonita expressão dessa realidade podemos experimentar na Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que acontece em todo o Brasil, sempre no dia primeiro de maio.
Na Arquidiocese de Mariana, ela chega à sua 23ª edição.
Para camuflar a dura realidade de muitas e muitos trabalhadores, e evitar manifestações contrárias à exploração, muitas empresas e prefeituras sempre organizaram festividades no Dia do Trabalho. Shows, festival de prêmios, brincadeiras etc. Uma ironia, pois essa comemoração foi criada justamente em homenagem à greve geral que aconteceu em Chicago, no dia 1º de maio de 1886, quando muita gente foi presa, ferida e até assassinada, por exigir respeito e dignidade. Diante disso, algumas entidades e grupos da sociedade e da Igreja de Jesus Cristo tiveram a iniciativa de promover algo mais de acordo com o espírito do dia. E uma das formas de expressar essa luta foi a criação da Romaria dos(as) Trabalhadores(as).
Cada ano, em nossa Arquidiocese de Mariana, concentramos o povo da luta em uma cidade, para caminhar, cantar, refletir, celebrar, se unir em torno de uma bandeira. Neste ano, em Viçosa, colocamos na mesa do debate e da celebração a realidade da Juventude, do trabalho e da água, como vítimas do capitalismo selvagem. O lema escolhido para ser o grito de ‘guerra’ é este: “Queremos outro desenvolvimento!”
Tudo isso está em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2013, sobre a Juventude, e com a 5ª Semana Social Brasileira.
Somos desafiados a ter um olhar crítico para a sociedade fundada no capital e no lucro, que coloca o desenvolvimento econômico acima da dignidade da pessoa. Uma sociedade dividida em classes, onde um grupo pequeno acumula e esbanja graças ao trabalho, às vezes desumano, de muitos. A sede insaciável de alguns provoca a exploração de muitos(as) jovens, transforma a sublime realidade do trabalho num peso, e faz dos bens naturais, que são comuns a todos, um instrumento de lucro para alguns e sofrimento para outros.
Em nossa região, preocupa-nos a falta de opções para a juventude, em termos de educação (embora tenha melhorado bastante), de lazer, de cultura, de trabalho... Muitos esbarram nas exigências de “boa aparência” (algo discriminatório) e de “experiência”. Como alguém que está começando pode ter já experiência?! Aqui entra também a questão da segurança, da violência, das drogas, da família, do sentido da vida, que afeta não só a juventude, mas a todos.
Com relação aos bens naturais, merece atenção especial a água, que é represada por empresas particulares, privatizada, comercializada, poluída. A ‘copasa’, por exemplo, já está no mercado de ações, na bolsa de valores.
O minério, grande riqueza da nossa região, vai sendo vendido para os estrangeiros. Vai-se o minério, ficam os buracos, a poluição, a degradação ambiental, além de profundas feridas sociais.
“Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos...”, dizia o compositor e cantor Zé Geraldo. Não dá pra ficar parado, assistindo passivo a tudo isso, como se não fosse com a gente. Mas também não é fácil mudar algo que é cultural e estrutural. Só mesmo pela organização, pela mobilização, pela luta consciente e corajosa da sociedade organizada. E é esse o maior objetivo da Romaria dos trabalhadores, bem como de outras iniciativas que vão surgindo e pedem o nosso apoio: unir e mobilizar para mudar.
Pe. José Antonio de Oliveira

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