quarta-feira, 19 de junho de 2013

FAZER MISSÃO OU SER MISSIONÁRIO?


A conferência de Aparecida colocou em evidência os temas do discipulado e da missão, mostrando que a verdadeira experiência de encontro com Jesus Cristo, necessariamente leva a uma postura missionária. Não é possível ser discípulo de Jesus Cristo sem ser missionário.  A conferência de Aparecida convida toda a Igreja a orientar-se, com decisão e urgência, para a missão. Todo o povo de Deus deve se sentir discípulo missionário de Jesus Cristo, cada um no estado de vida que escolheu e no serviço que lhe foi confiado.
Num passado bem próximo, quando se falava em missão, pensava-se logo num grupo de padres ou religiosas que vinham de outras localidades para movimentar espiritualmente as paróquias e comunidades cristãs. Dentro desta perspectiva, a missão tinha local e dia marcado para começar e terminar. Ser missionário era considerado quase um privilégio espiritual de um pequeno grupo que se sentia previamente preparado para esta tarefa. Hoje, graças a Deus, mudou-se a visão: ser missionário é dar testemunho de Jesus Cristo, é iluminar o mundo com o sabor de Deus, é pregar e viver os valores humanos e cristãos,  é estar a serviço do Reino em todo lugar e em qualquer tempo. Neste sentido, todo cristão batizado é, por natureza, um missionário.
Ampliando o conceito de missão e missionário, ampliou-se também o conceito de terra de missão. Antigamente, quando se falava em missão, pensava-se logo em lugares distantes, desprovidos do primeiro anúncio do Evangelho. Hoje, entendemos que todo lugar é terra de missão e que devemos exercê-la no lugar onde Deus nos colocou. Como afirmou um sábio: “Devemos florescer onde Deus nos plantou”. Evidentemente, muitos homens e mulheres de boa vontade ainda têm a vocação da missão chamada “ad gentes” (lugares distantes e desafiadores), mas a maioria dos cristãos é chamado a fazer missão nos lugares que já receberam o primeiro anúncio, mas que precisam ser reevangelizados.
São muitos os obstáculos que o cristão deve enfrentar para viver como autêntico missionário. Por incrível que pareça, o primeiro obstáculo que deve superar não se encontra fora, mas dentro dele mesmo. Ser missionário significa vencer o egoísmo, o comodismo, o egocentrismo, a tendência a ser o centro de tudo e de todos.  Ser missionário é sair de si mesmo, é ir ao encontro do outro, é colocar-se numa atitude de disponibilidade e serviço, por isso, pressupõe superação de todos aqueles entraves internos já citados, tão difundidos na nossa cultura atual.  
Outro obstáculo que o cristão enfrenta para ser um verdadeiro missionário é a dificuldade para lidar com o imprevisível, com algo que não foi previamente estabelecido e programado. Isso porque ser missionário é exatamente saber lidar com o imprevisível, é livrar-se da programação pré-estabelecida, é abrir-se ao novo, é estar disposto a enfrentar situações antes nunca encontradas, mas que trazem consigo grandes riquezas.  Como se percebe, é ainda um obstáculo interno.
Outros obstáculos estão mais ligados aos aspectos externos, mas que são facilmente contornados. Na perspectiva da fé, quanto mais desafiadora for a realidade da missão, mais enriquecedora será para o missionário. Não raramente encontramos missionários que dão testemunho de dificuldades encontradas na experiência da missão cotidiana que, ao invés de levá-los ao desânimo, pelo contrário, serviram de motivação para continuarem no caminho de seguimento a Jesus Cristo. Estes entenderam que o cristão não apenas faz missão esporadicamente, mas deve ser missionário. Missão não é somente questão de FAZER, mas de SER.

Pe. Edmar é padre na Arquidiocese de Mariana, antropólogo, professor na Faculdade Arquidiocesana de Mariana, Diretor do Instituto de Filosofia do Seminário São José e Vigário Paroquial da Paróquia Santa Efigênia em Ouro Preto.  

Harley C. de Carvalho Lima
Rod. dos Inconfidentes Km, 108 cx 11
Mariana- MG
(031)84207496

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