sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A riqueza da simplicidade


Ser mais sóbrio no comer, no beber, no falar, no consumir. Está aí uma boa forma de viver o jejum que nos é proposto na Quaresma. Um jeito eficaz de amadurecer e ser mais feliz. Naturalmente, trata-se de um desafio nada fácil, numa sociedade radicalmente marcada pelo consumo.
Mas acho de uma profunda sabedoria o esforço para cultivar um estilo de vida simples, frugal, em que a gente faça a opção de viver com o mínimo essencial, descartando tudo que é supérfluo e desnecessário. Embora isso implique uma mudança radical de atitudes e valores.
“A pobreza é involuntária e debilitante, a simplicidade é voluntária e mobilizadora”, diz Duane Elgin. Viver voluntariamente de maneira mais simples significa fazer um esforço consciente para perceber o que realmente é importante para nós e abrir mão do que é supérfluo. E descobrir assim que “uma vida mais frugal exteriormente pode ser muito mais rica e abundante interiormente”.
Quando alguém está de mal com a vida, infeliz no relacionamento, frustrado com o outro, triste por algum motivo, é comum compensar tudo isso indo às compras. Tenta preencher o vazio com coisas. Muitos acreditam que adquirindo mais, possuindo muito, se tornam mais felizes. Bem cedo irão perceber que não passa de ilusão.
Aliás, já se começa errado. Quase sempre colocamos a culpa da nossa dor, da nossa frustração nos outros, na vida, em Deus, quando a responsabilidade maior pode estar bem perto ou dentro de nós. “Não são as pessoas que nos decepcionam, somos nós que esperamos muito de quem não tem a capacidade de superar as nossas expectativas”, afirma Paloma Alves. Esperamos demais, queremos demais, e quase sempre somos incapazes de usufruir a beleza e a riqueza do que temos.
No livro Comer, rezar e amar, há um trecho em que a pessoa está diante de uma paisagem exageradamente linda e diz: “um dia quero voltar aqui”. Ela não é capaz de curtir a beleza, de beber, saborear, parar no presente, no aqui e agora. Já está no futuro, num lugar distante.
Porém, assumir uma vida simples não significa fugir do prazer, das satisfações. Pelo contrário, valoriza o prazer, a alegria, o estar bem. Mas a pessoa entende que o caminho da realização vai em outra direção. Não a do ter, do consumir, do acumular.
Nesse jeito de viver, também o trabalho passa a ser visto de forma diferente. A pessoa não o encara apenas como caminho para o lucro, o acúmulo de bens. Em sintonia com a perspectiva bíblica, vê nele uma forma de parceria com Deus na construção do mundo, de conseguir o necessário para uma vida digna, um meio de prestar serviço ao próximo. É caminho de realização.
A pessoa não se mata de tanto trabalhar. Não vai se esgotar, prejudicar a saúde, nem oferecer o melhor do seu tempo e da sua vida para o trabalho. Saberá reservar um bom espaço para si mesma, para “a família, a vida amorosa, a participação cívica e a vida comunitária, a saúde”, o lazer, os amigos, a vivência da fé.
Uma vida mais simples, sem tanta preocupação com o lucro imediato, vai contribuir também para a preservação da natureza; nos ajuda a pensar nos que virão depois. Estamos destruindo de maneira irracional o berço da vida, as fontes que nos alimentam. A ambição desmedida gera o acúmulo para alguns e a miséria para muitos. E não faz ninguém feliz. Quem tem muito não consegue paz; vive no medo. Quem não tem o necessário, sofre com a carência ou com a miséria.
Faz parte da liturgia da Palavra na primeira semana da Quaresma a oração do Pai-nosso, onde Jesus nos ensina a buscar o pão “de cada dia”; e não para muitos anos. Viver cada dia, viver o presente, sem tanto medo e tanta ambição. E Ele vai nos questionar: Por que se preocupar tanto com o dia de amanhã, com o que comer ou o que vestir? (cf  Lc 12,22ss). De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alegria, a felicidade, a verdadeira vida?” (cf  Mt 16,26). Viver o momento presente. Valorizar o que se tem. Saborear a vida. Contemplar! “Olhai os lírios dos campos…”.
Pe. José Antonio de Oliveira

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Batizados em nossa Paróquia



Domingo dia 03 de fevereiro durante a celebração eucarística realizada na Igreja São Pedro aconteceu o batismo de quatro crianças. Presidiu a celebração o Pe. Luiz Fernando
 
O batismo é o sacramento que torna o cristão um Filho de Deus, Discípulo de Cristo, Templo do Espírito Santo, Membro da Igreja e irmão sem Cristo. É o primeiro dos sete sacramentos, portanto a porta de entrada para a vida cristã.
Quando se pede o batismo para um filho ou afilhado é necessário ter consciência do que significa este Sacramento na vida de uma pessoa, é importante educarmos eles na fé incentivando-os a participarem da igreja, da catequese, das Missas, sendo membros atuantes na Igreja, mas tudo isso só é possível se educarmos com bons exemplos.
São sinais utilizados na celebração do batismo:
O sinal da cruz: significa o sinal de pertença a Deus.
 A água: simboliza a vida, pois onde não há água não há vida
A vela ou Círio Pascal: simboliza Jesus Cristo ressuscitado que venceu a escravidão da morte
A unção com óleo: A pessoa que será batizado é ungido no peito e na testa, onde o sacerdote diz “ Que a força do Cristo penetre em sua vida como este óleo em seu peito”. Logo após o cristão é ungido com o óleo do Crisma que simboliza a consagração para continuar a missão de Cristo como sacerdote, profeta e rei.
A veste batismal: normalmente uma roupa nova; é uma forma de dizer que o cristão batizado está agora revestido de Cristo.
Ato de entrega a Nossa Senhora: Apesar de já ter sido consagrado ao Nosso Senhor Jesus Cristo, há o costume de realizar um ato de devoção a Maria, confiando a sua proteção a vida e a fé do cristão que foi batizado.
Só pedimos o Batismo de nossos filhos ou afilhados porque acreditamos em Jesus Cristo  e queremos que nossas crianças/adultos sejam seguidores de Jesus.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sacralizar a pessoa

Jesus frequentou o Templo e as sinagogas. Mas sua prioridade era estar no meio do povo. Para ele, o lugar privilegiado do encontro com o Pai era o ser humano. Com palavras e atitudes, ensinou a beleza de contemplar Deus na criação e na pessoa. Ou seja, fazer do outro, da natureza, dos acontecimentos um templo, lugar da experiência de Deus.
Mais ainda, garantiu que o encontraremos no próximo. “O que fizer a um desses meus irmãos, é a mim que estará fazendo”. Quando a religião estava muito ocupada com a lei e com o templo, Ele nos convida a olhar com mais atenção para a pessoa. Uma cena bonita acontece logo no início da sua missão. Ele está na sinagoga e aparece um homem com deficiência física (cf Lc 6,6ss). Era sábado. A lei proibia qualquer atividade, inclusive a cura. Todos ficam de olho pra ver se Ele vai respeitar a lei. Jesus os olha com indignação e diz ao homem: “Levanta-te e fica aqui no meio!”. Com isso, praticamente obriga os presentes a olharem para o homem, que ficou no centro. E pergunta: “Em dia de sábado, o que é permitido, fazer o bem ou o mal?” Para Ele, o foco é a pessoa. A lei é fazer o bem.
Atualmente, há uma grande tendência de supervalorizar animais e objetos e desvalorizar o ser humano. Parece mais grave ferir um animal que ferir alguém. É mais importante tocar na imagem de gesso que tocar na pessoa, imagem viva de Deus. Dá-se mais valor ao templo e ao sacrário que ao coração de um(a) irmão(ã). Mas está claro que a proposta de Jesus vai em outra direção.
Também nas “Bodas de Caná” se percebe isso (cf Jo 2,1-12). João apresenta a cena como primeiro ‘sinal’ realizado por Jesus; porta de entrada para toda a sua pregação. Tudo acontece numa festa de casamento, lugar da alegria, do encontro, da aliança, do amor. Ali estão seis talhas que serviam para as purificações dos judeus. Representam uma religião ritualista, legalista, preconceituosa, que, em vez de libertar, era um peso para o povo simples. Um detalhe: João afirma que as talhas estavam vazias. Era uma religião esvaziada de sentido, escrava da lei e da tradição. Já não servia, não cumpria mais a sua missão.
Jesus as preenche com o vinho novo da alegria, da abundância, do prazer de viver, da festa. Para muitos isso é um escândalo. Como o Filho de Deus pode encher a casa de vinho? De fato, aprendemos a temer um Deus sempre sério, que não ri, que não brinca, não canta, não dança, mas vigia e castiga. Ensinaram-nos que todo prazer é pecado. Que não merecemos ser felizes. Incutiram fundo em nós o sentimento de culpa. “Minha máxima culpa!” Tudo em nome de Deus.
Mas o Deus de Jesus está muito presente no prazer da festa, na alegria do amor, no coração da pessoa. Herdamos uma religião que prega em primeiro lugar a moral, o sacrifício, a renúncia, a mortificação, a privação de tudo, a negação do prazer. Jesus viveu o pleno despojamento, a simplicidade, a liberdade diante das coisas, mas falou de um Deus da abundância, um Deus cujo maior desejo é ver seu povo feliz. O casamento em Caná, quando o Cristo entra em cena e mostra a ‘hora’ de Deus, é sinal da vida “partilhada e festiva” que Deus quer para o seu povo, como diz Pe. Adroaldo.
Jesus, lembra o jesuíta, ensina a amar com um amor que se alegra com a felicidade do outro, com sua realização, sua alegria, sua liberdade, sem pretender jamais dominá-lo, nem fazê-lo à nossa imagem e semelhança, sem pedir algo em troca. Ele “não fundou nenhum templo, nem levantou altares, nem organizou uma classe sacerdotal, nem impôs jejuns e privações ascéticas, nem dispôs cerimônias rituais ou purificações sagradas. De nada disso falam os Evangelhos.”
E o Evangelho de João reforça cada vez mais esse jeito de Jesus. Pouco à frente, diante da mulher samaritana, discriminada e considerada como grande pecadora, Jesus vai ensinar que não é preciso ir ao templo para adorar, porque os verdadeiros adoradores “adorarão o Pai em espírito e verdade. São esses que o Pai procura” (Jo 4,19-25). O Deus de Jesus está no templo de sempre: no ser humano. A “encarnação” é o “mistério” da humanização de Deus e da divinização do ser humano. “Somente podemos crer no Deus de Jesus na medida em que sejamos profundamente humanos”.
A liturgia católica reforça exageradamente o aspecto do sacrifício, que em nossa linguagem está associado a algo pesado, doloroso. É preciso resgatar mais a linguagem poética e divina da celebração, da ternura, da beleza, do carinho, da festa, da alegria. Afinal, Deus é Amor! E amor não é algo pesado, mas a leveza que dá prazer e liberta. Que faz feliz…
Pe. José Antonio de Oliveira