quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O lado bom do ‘pecado’

Pe. José Antonio de Oliveira
 Quando o homem precisou criar um antídoto contra o veneno, foi encontrá-lo onde? Justamente no próprio veneno. Assim nasceu a vacina. Muita gente, ao tentar tirar a própria vida, vai logo recorrer ao… remédio. Isso mesmo. Veneno, na dose certa, salva a vida. Remédio, em excesso, mata.
Rubem Alves diz que não existe nada totalmente errado nesta vida. “Até um relógio parado, duas vezes por dia fica certo”.
Por isso, podemos dizer que até os pecados chamados ‘capitais’, por serem os mais graves, os piores, têm também o seu lado bom. Não acredita? Vejamos:
gula, por exemplo, é um mal. Comer além do necessário prejudica a saúde, alimenta o consumismo, impede a pessoa de ser mais solidária e partilhar com quem não tem o necessário. Mas aprender a saborear o alimento, degustar, sentir, valorizar e agradecer pelo sustento, aproveitar a mesa, um churrasco, uma festa para celebrar a vida, criar e estreitar os laços, confraternizar, isso é muito bom! Algumas bebidas, como o vinho e a cerveja, são medicinais. Na medida certa, claro…
ira é outro pecado capital. Carregar ódio no coração, raiva, sentimento de vingança, isso nos corrói por dentro. Tira a nossa paz, prejudica a saúde, nos mata aos poucos. Há um pensamento, atribuído a Shakespeare, que diz: “Guardar rancor é como tomar veneno e querer que o outro morra”. Porém, engolir tudo sem digerir, aceitar passivamente a injustiça, a ofensa, o mal, vai ser altamente nocivo à saúde e à vida. A indignação faz falta. A bíblia traz inúmeras passagens sobre a ‘ira’ de Deus. O próprio Jesus a experimentou. Chegou a partir para as chicotadas e, numa linguagem nossa, “chutou o pau da barraca” (cf. Jo 2,14-16). Milton Nascimento, numa homenagem a Teotônio Vilela, canta: “De quem é essa ira santa?
avareza também está na lista. Apego exagerado ao dinheiro, acumular bens, ganância, ambição desmedida. Há pessoas que se entregam tanto a ela que não vivem, não têm paz. Sacrificam a saúde, prejudicam a família, não são capazes de curtir o justo descanso, o necessário conforto… Só pensam em ajuntar. Morrem frustradas, porque nada levam. Mas deixam brigas e divisões entre os herdeiros. Por outro lado, lutar por melhores condições de vida, estudar, correr atrás, se esforçar pra conseguir uma vida digna, ter sua casa e o que necessita para estar bem, isso é bom e necessário.
A sociedade atual vem abrindo muito espaço para a vaidade. É a preocupação excessiva com o aspecto físico, o desejo de conquistar a admiração dos outros, a ditadura da moda, a busca doentia pela estética, em detrimento da ética. Conta muito mais o ter do que o ser, a imagem ou o virtual do que o real. Quanta gente sacrifica o orçamento, põe em risco a própria saúde ou, até mesmo, a vida, para investir na ‘maquiagem’ (tenta-se maquiar a realidade), na lipoaspiração, nas plásticas desnecessárias, botox e tantas coisas mais. Claro que isso não pode fazer bem. Contudo, a autoestima é fundamental para uma vida saudável. Querer estar bem, bonito(a), vestir-se bem, cuidar da aparência traz inúmeros benefícios. Quando a pessoa está deprimida, desiste de viver, não encontra sentido pra lutar, uma das primeiras reações é deixar de cuidar da saúde e de si mesma.
Podemos ainda falar da luxúria, o exagero com relação aos prazeres carnais, à sensualidade e sexualidade, a lascívia. O desrespeito pelo próprio corpo, o uso egoísta do sexo e do parceiro, pode causar muitos estragos à vida da pessoa. O sexo sem amor, sem sentimento, sem cumplicidade deixa um vazio. Mas a sexualidade é dom de Deus e torna a vida mais prazerosa. A sensualidade é uma arte. O erotismo bem canalizado é benéfico. A sexualidade é um canal privilegiado para levar o ser humano à busca do outro, à relação, a se compreender, a partilhar, a conviver.
Para não me alongar muito, encerro essa reflexão com a preguiça. Está ligada também à apatia, à indiferença, à falta de compromisso. São Paulo fala daqueles que estão “muito ocupados em fazer nada” (2Ts 3,11). Pessoas que não se tocam, não querem trabalhar. Em alguns casos, é mais problema de saúde do que de caráter. Mas há mesmo os preguiçosos. Por outro lado, é muito saudável quando a pessoa sabe relaxar, descansar, curtir a vida, parar para contemplar. O sociólogo italiano Domenico De Masi fala do ‘ócio criativo’. De fato, a tendência atual é que a média de vida vá aumentando (teremos cada vez mais idosos e aposentados), e que a máquina vá aos poucos substituindo o trabalho humano. O resultado é que teremos cada vez mais tempo ocioso. Se a gente não souber lidar com esse tempo, crescerá também, cada vez mais, a depressão, o vazio.


Tudo é sempre uma questão de equilíbrio: remédio em demasia mata. Até amor em excesso sufoca. Veneno na dose certa é remédio. O que é considerado pecado capital, na dose certa, na hora certa, pode proporcionar qualidade de vida.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

As ‘heresias’ do Pe. Fábio de Melo


Pe. José Antonio de Oliveira
Corre pela internet uma campanha de assinaturas, com o objetivo de pedir à Rede Canção Nova o afastamento do Pe. Fabio de Melo. Motivo? Anda falando muitas heresias. E o texto cita as principais.
Em primeiro lugar, diz que “Cristo queria implantar o Reino de Deus na Terra”, e não a Igreja. “Isso é Teologia da Libertação já condenada pela Sé Apostólica”, diz o texto.
Teria dito também que a presença real de Cristo “não é apenas na Eucaristia”. O texto rebate:
“884. Cân. 2. Se alguém disser (…) seja excomungado [cfr. n° 877].” (Sic)
A outra acusação é de que o mesmo “não usa vestes clericais”. A Igreja “obriga o sacerdote a se vestir de forma diferente da dos leigos, utilizando a batina, ou camisa com colarinho romano, ou o clergyman”. Além de não usar, o padre prega “abertamente que “o hábito não faz o monge”. Mas a falta de clergyman, com certeza, faz um sacerdote desobediente”, acrescentam.
Muitos já estão assinando a petição. E aí vêm as opiniões, as condenações sumárias, muitas vezes sem um mínimo de conhecimento. Por isso, penso que vale a pena fazer algumas observações.
Com relação ao Reino e Igreja, me parece que é consenso entre quase todos os cristãos e na hierarquia católica que o objetivo primeiro de Jesus não foi fundar uma Igreja, mas instaurar o Reino de Deus. Nos evangelhos aparece a palavra Reino cerca de 114 vezes. Jesus fala do Reino mais ou menos cem vezes. Por outro lado, a palavra Igreja aparece duas vezes (Mateus 16 e 18).
Está claro que a proposta de Jesus é a construção do Reino de Deus, ou seja, a humanidade organizada a partir do Plano de Deus, marcada pela justiça, pelo amor, pela paz: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado como acréscimo” (Mt 6,33). A Igreja é uma ferramenta, um instrumento para a construção do Reino. Não é fim, mas um meio. A Lumen Gentium e o Catecismo da Igreja Católica dizem que ela é semente e sinal (sacramento) do Reino. É importante e necessária, mas o Reino a transcende, vai além.
Normalmente, as pessoas que identificam a Igreja com o Reino, ou a colocam como centro e fim, têm uma dificuldade enorme para aceitar o diálogo e viver o ecumenismo. Não conseguem ver nos que creem diferente irmãos e parceiros, mas pessoas afastadas ou que estão no caminho errado.
Dizer que a Teologia da Libertação é condenada pela Igreja é um pouco temerário. Em carta aos Bispos do Brasil, em 1986, o papa João Paulo II dizia: “Estamos convencidos, nós e os Senhores, de que a teologia da libertação é não só oportuna mas útil e necessária”. O texto, na íntegra, pode ser encontrado no site do Vaticano. Quando Deus se revela a Moisés, para dar início ao processo do êxodo, afirma: “Eu vi a aflição do meu povo… Eu desci para libertá-lo” (Ex 3,7-8). Jesus, ao definir sua missão, diz: O Espírito do Senhor me ungiu () “enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos…” (Lc 4,18, tradução da CNBB). A teologia ou é libertadora ou não é teologia. Os desvios são outra história…
A outra acusação é por afirmar ele que a presença real de Jesus não é só na Eucaristia. Isso depende muito do que entendemos por ‘real’. Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Essa presença é real ou não?! “Eu estarei convosco todos os dias…” (Mt 28,20). “Quem acolhe uma destas crianças é a mim que acolhe” (Mc 9,37). “Eu estava com fome… Cada vez que fizestes isso, foi a mim” (Mt 25,31ss). Essa presença de Jesus é real?! É presença, ou não?! Em tempo: as citações do Código são falsas. Aqueles números e o teor são do Concílio de Trento, de 1545.
Finalmente, a acusação de não usar “vestes clericais”. Jesus e os apóstolos não usaram roupa diferente dos demais. O que distingue alguém não é a roupa, mas a vida. Inclusive, porque é muito fácil falsificar rótulos. E Jesus nos alerta que há muitos lobos com pele de ovelha (cf. Mt 7,15). “É pelos frutos que se conhece a árvore” (Mt 7,20). Sem querer julgar ou generalizar, é muito comum encontrar bispos, padres e pastores sem as ‘vestes clericais’ nas periferias, nos sertões, entre os pobres, nas lutas do povo, e deparar com gente de clergyman entre carreiristas e seminaristas. Tem muito ‘sacerdote desobediente’ fazendo um belo trabalho de promoção da vida por aí.
E quanto à campanha contra o Pe. Fábio (e outros), é bom lembrar que o tempo de “caça às bruxas” e da intolerância foi na Idade Média. Hoje é tempo de diálogo e tolerância. E o mandamento de Jesus é o amor.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Celebração do envio

 Neste domingo dia 2 de fevereiro durante a Celebração Eucarística na Igreja São Pedro no Bairro Pinheiros, aconteceu a celebração do envio dos Catequista que iniciaram suas atividades no próximo final de semana. Após formação recebida no encontro do dia 1º de fevereiro nossos catequista em sintonia com as orientações da Arquidiocese estão preparados para ajudarem  nossos catequizandos a redescobrirem  os valores cristãos.  

Dois meninos foram batizados neste domingo em nossa Paróquia.







segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Encontro de Formação do setor 4

Foi realizado neste sábado dia 1º de fevereiro de 2014, na comunidade São Pedro, Bairro Pinheiros, Cristiano Otoni, um encontro de formação do setor 4 da Região Pastoral Mariana Oeste. Após a Oração inicial, o grupo foi dividido em 3: (Liturgia, Catequese e Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística. Estavam presentes representantes de: Cristiano Otoni, Queluzito, Casa Grande, Caranaíba  Santana dos Montes, Joselândia e Piranguita, no total de mais 130 pessoas.