segunda-feira, 26 de maio de 2014

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Nossa Senhora do Auxílio

O mês de maio, além de dedicado às mães da terra, também é dedicado à Mãe do Céu. É por isso que, entre os católicos, maio é conhecido como o mês de Maria. Colaboram para isso as várias festividades marianas que são próprias deste tempo, tais como Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Caravagio, Nossa Senhora Auxiliadora e Nossa Senhora da visitação.  Na Diocese de Santa Cruz do Sul, sempre que acontece o velório da mãe ou do pai de um padre, os colegas marcam presença em grande número. Nestas horas o altar fica rodeado por bispos e sacerdotes, que são a segunda família do padre. Por que os padres fazem isso? Em primeiro lugar, evidentemente, para prestar sua solidariedade ao colega presbítero que perdeu um ente querido. Mas também porque entre os padres existe a convicção de que “a mãe de um colega” é também mãe de todos os padres, portanto, mãe sacerdotal. É lógico que a forma da maternidade é diferente para o colega que foi gerado no ventre daquela mãe e os colegas que a adotaram por mãe a partir do presbitério. Mas ela sempre será mãe, independente de ter gerado o filho ou ter sido adotada por mãe. Algo parecido, aliás, acontece no casamento, quando a mãe da esposa também passa a ser tratada como uma segunda mãe para o esposo. Maria Santíssima foi a mãe carnal de Jesus de Nazaré. Na hora da cruz, Jesus entregou esta mãe para o apóstolo João, que era seu discípulo mais querido. A partir daí, Maria Santíssima passou a ser tratada pelas primeiras comunidades cristãs com aquele mesmo amor que Jesus devotava à mãe. Em outros termos, por ser a mãe de Jesus, Maria passou a ser vista como a mãe de todos os cristãos. É o que escreveu o Papa Francisco na Encíclica Lumen Fidei (n.59): “A verdadeira maternidade de Maria garantiu, ao Filho de Deus, uma verdadeira carne na qual morrerá na cruz e ressuscitará dos mortos. Maria o acompanha até a cruz, donde a sua maternidade se estenderá a todo o discípulo de seu Filho”. Como católicos, temos orgulho em dizer que Maria, além de mãe do Filho de Deus, também é mãe de todos nós, ou seja, é mãe de todos aqueles que se reconhecem filhos de Deus em Jesus de Nazaré. Maria é mãe de Jesus, é mãe da Igreja e é nossa mãe. Por isso sentimos dor no coração quando irmãos nossos menosprezam a ela, chegando ao ponto de quebrar as suas imagens.Maria, a exemplo das nossas mães terrenas, nos protege como filhos e nos auxilia quando passamos por dificuldades. Por isso dedicamos o mês de maio a ela, prestando-lhe as nossas homenagens. Ao mesmo tempo, junto com o Papa, pedimos: “Ensinai-nos a ver com os olhos de Jesus, para que Ele seja luz no nosso caminho. E que esta luz da fé cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o próprio Cristo, vosso Filho, nosso Senhor." (LF n. 60).                                                                                            Dom Canísio Klaus Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul (RS) 

 Fonte: CNBB

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Santa Sé autoriza início de processo de beatificação de dom Luciano Mendes


A arquidiocese de Mariana (MG) divulgou ontem, dia 13, comunicado da Congregação para a Causa dos Santos sobre o processo de beatificação de dom Luciano Mendes de Almeida.  “Por parte da Santa Sé, não há nada que impeça, para que se inicie a Causa de Beatificação e Canonização de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida”, informa a Congregação. A solicitação de abertura do processo foi feita pelo arcebispo local, dom Geraldo Lyrio Rocha, que poderá instituir o Tribunal que levará adiante o processo.

 Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida foi arcebispo de Mariana de 1988 a 2006, quando faleceu aos 75 anos. O arcebispo, da Companhia de Jesus, foi secretário geral (de 1979 a 1986) e presidente (de 1987 a 1994) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por dois mandatos consecutivos.
Em nota publicada em 2006 sobre dom Luciano, a Presidência da CNBB destacou entre as marcas que deixou na instituição o dinamismo, a inteligência privilegiada, a dedicação incansável e o testemunho de amor à Igreja.
De origem fluminense, dom Luciano nasceu em 5 de outubro de 1930. Doutor em Filosofia, foi membro do Conselho Permanente da CNBB de 1987 até o ano de sua morte. Também atuou na Pontifícia Comissão Justiça e Paz, foi vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) e presidente da Comissão Episcopal do Mutirão para a Superação da Miséria e da Fome.
Durante quase duas décadas à frente da arquidiocese de Mariana (MG), o bispo deu forte impulso pastoral àquela Igreja particular, onde a organizou em cinco Regiões Pastorais. Deu atenção à formação permanente do clero, à realização de assembleias pastorais e à reestruturação de conselhos arquidiocesanos. Também organizou pastorais, religiosos, processos formativos do Seminário Arquidiocesano e obras sociais, além do investimento na capacitação e participação dos leigos e na preservação das Igrejas históricas.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Uma verdadeira escola de fé


Vivemos nestes dias a bonita experiência da Páscoa. E temos certeza de que toda a sua riqueza é gestada na celebração e na vivência da Quaresma e da Semana Santa, verdadeiro retiro espiritual para o Povo de Deus. É de fato uma bênção poder recordar e reviver todo o drama de Jesus, em sua paixão pela humanidade e sua compaixão pelos pecadores.
Para nós que vivemos em Minas Gerais, sobretudo em regiões marcadas pela piedade popular como a nossa, esse tempo é também uma escola de religiosidade e de fé. Como é bonito ver o povo celebrando, se emocionando, procurando o perdão, assumindo mudanças, voltando à Igreja, se envolvendo!
Como padres e pastores, temos o privilégio de acompanhar de perto todo esse processo de conversão, e aprender com essa gente simples a beleza de uma fé verdadeiramente vivencial, e não meramente teórica. Como aprendemos com o nosso povo!
Tudo isso nos coloca de cheio na questão da religiosidade popular. Para muitos, os atos paralitúrgicos da Semana Santa, como outras expressões de fé, podem soar como algo sem importância, ou uma manifestação inferior da fé. Algo menor. Mas o próprio Bento XVI nos recorda que se trata de um “precioso tesouro da Igreja Católica” (…) que ela deve proteger, promover e, naquilo que for necessário, também purificar” (Sessão de abertura da Conferência de Aparecida).
Não podemos negar que a própria religião oficial e sua liturgia trazem muito da fé popular existente no meio onde nasceu. E essa fé do povo nos ajuda a superar o intelectualismo, o exagerado rubricismo, muitas liturgias frias e distantes da realidade. É uma forma encarnada de se viver a fé em Jesus Cristo e a adesão ao seu Projeto; de expressar a própria espiritualidade.
A palavra de Bento XVI é clara. É preciso proteger e promover essa riqueza, sem deixar de também contribuir para que seja cada vez verdadeira, evitando desvios e deturpações.
Esse equilíbrio é fundamental. É importante reconhecer nos ritos paralitúrgicos uma ferramenta privilegiada para a oração, a evangelização e a reflexão. São expressões que dão visibilidade à fé e evangelizam. Numa sociedade secularizada onde, para muitos, a celebração do Mistério Pascal não passa de um bom ‘feriadão’, onde o Sagrado vai perdendo espaço para o consumismo, esses momentos são essenciais para a valorização da fé.
Por outro lado, é fundamental que haja também uma boa formação, para evitar que as cenas da paixão, morte e ressurreição não se tornem apenas um teatro; que os atos devocionais não caiam num mero devocionismo passageiro. É preciso cuidar para que nada abafe ou reduza a centralidade de Jesus Cristo. A tradição deve ser preservada, mas não pode impedir a renovação necessária.
Hoje se fala muito em ‘re+forma’ da liturgia, mantendo a essência e atualizando a ‘forma’ de celebrar. Fala-se de ‘re+leitura’. O texto é o mesmo, mas a compreensão, o ponto de vista, a aplicação, tudo pode ser aperfeiçoado. Muitos textos litúrgicos, inclusive da celebração eucarística, das leituras bíblicas, dos ritos de batismo, casamento, ordenação etc, passam por uma ‘re+visão’ periódica, para que sejam adaptados aos novos tempos, vistos com novos olhos.
Uma mudança bonita e muito positiva que aconteceu com a reforma litúrgica foi a valorização da Vigília Pascal, centro e ápice de toda a liturgia cristã. Até bem recentemente, parecia que o ponto alto da Semana Santa era a sexta-feira da paixão. Parava-se na morte. Pouco valor se dava à Vigília e ao Domingo da Ressurreição. Hoje percebemos com alegria uma participação muito mais numerosa e consciente, festiva e dinâmica. É a beleza da tradição que se enriquece com as mudanças suscitadas pelo Espírito e exigidas pelos novos tempos.
Como pastores e agentes, temos a missão de organizar e animar a Semana Santa. Procuramos ensinar e evangelizar com nossas homilias e sermões. É um tempo forte da Palavra. Enquanto isso, o povo nos ensina com a vida sua fé encarnada. Revela um Deus de fato próximo, amigo, solidário. Feliz o povo que abre os ouvidos e o coração para acolher tão sublime mistério, e consegue fazer a experiência da sua presença amorosa de Deus em sua vida. Felizes os pastores que não se contentam em falar de Deus, mas procuram, sobretudo neste tempo, falar com Deus, sem deixar de se colocar também como discípulos do povo fiel, grande mestre da fé encarnada e vivenciada.
Pe. José Antonio de Oliveira