terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A CNBB e o Ano da Paz


Diante da violência que cresce a cada dia em nosso país, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu promover o Ano da Paz com o objetivo de mobilizar o Brasil para a cultura da paz e da não-violência. Aberto no último dia 30 de novembro (1º Domingo do Advento), o Ano da Paz se estenderá até o Natal de 2015.
A decisão foi tomada pelos bispos em sua assembleia, realizada em maio deste ano em Aparecida-SP. Em carta às dioceses, o secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, explica o objetivo da iniciativa. “Desejamos, com o Ano da Paz, abrir fendas na onda de violência que se manifesta na morte de tantas pessoas, nos lares em conflito, na corrupção, na agressividade do trânsito, na impossibilidade de diálogo nas diferenças, até mesmo religiosas”.
Mapa da Violência 2014, divulgado em julho deste ano, traz dados de 2012 e revela o crescimento da violência no país. Nesse ano, 112.709 pessoas morreram em situações de violência. Foram 56.337 vítimas de homicídio, 46.051, de acidentes de transporte (vias terrestres, aviões e barcos) e 10.321, de suicídios. Mais da metade dos mortos por homicídios eram jovens na faixa etária de 15 a 29 anos (30.072 que equivalem a 53,37%), dos quais 77,0% eram negros.
No esforço de apontar as causas da violência, muitos insistem em associá-la à pobreza, criminalizando os pobres que moram nas periferias de nossas cidades. A esse respeito diz o papa Francisco: “Enquanto não se eliminarem a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível desarraigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar a explosão” (EG, 59).
No Manifesto 2000 - Por uma cultura de Paz e não-violência, lançado pela Unesco, encontramos alguns pressupostos da paz que podemos assumir como caminho de conquista desse ideal. São eles: o respeito à vida e à sua dignidade; a prática da não violência em todas as suas formas (física, sexual, psicológica, econômica, social); a prática da generosidade para acabar com a exclusão, a injustiça e a opressão política e econômica; a defesa da liberdade de expressão e da diversidade cultural; a promoção do consumo responsável e de um desenvolvimento econômico que preze o equilíbrio no uso dos recursos naturais do planeta; a plena participação das mulheres na vida social e o respeito aos valores democráticos.
Que nossas comunidades, fiéis à sua vocação batismal, respondam positivamente a esse apelo de nossa Igreja e se empenhem por construir a paz em todos os lugares e circunstâncias. Cristo, Príncipe da Paz, que chega no Natal que se aproxima, nos ensine os caminhos da paz.
 Pe. Geraldo Martins
*Coordenador Arquidiocesano de Pastoral