segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Será Que Jesus Gosta de Ser ‘Rei’?


Tenho pra mim que Jesus não gosta de ser rei. Pelo menos dentro dos padrões que imaginamos. Se você encontrar alguma imagem, ou pesquisar na internet sobre figuras de Cristo Rei, certamente irá encontrá-lo com uma coroa de ouro e pedras preciosas, um manto bordado e luxuoso, um cetro na mão e, quase sempre, sentando em um trono dourado, ou coisa semelhante.
Ora, tudo isso é fruto da imaginação humana, obra de artistas que retratam o que nos vem à cabeça quando se fala de rei.
Para nós, a realeza está ligada a poder, grandeza, ostentação, riqueza…
Contudo, se olhamos a vida real de Jesus, vamos perceber algo muito diferente. Para ele, todas essas coisas não passam de uma grande bobagem. Quando nasceu, os próprios sábios imaginaram que estaria em algum palácio da grande capital, no centro do poder. Talvez um tanto decepcionados, foram encontrá-lo na periferia, junto aos pobres e marginalizados (cf Mt 2,1-12).
Quando um jovem disse que desejava segui-lo, Jesus responde que não tinha “onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20).
Diante da insistência de Pilatos que lhe perguntava se era rei, Jesus vai se esquivando. Você que está dizendo isso, ou foram outros que te disseram? E esclarece: “meu reino não é deste mundo”. Já que você insiste, eu sou rei. “Para isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade” (Jo 18,33-37).
A realeza de Jesus não segue os nossos padrões. Ele nunca pensou em ter poder, dominar, impor, combater; simplesmente veio ensinar a verdade que liberta e entregar a vida “para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10).
Há algum tempo vi uma pessoa, pertencente a certo movimento religioso, usando uma camiseta onde se lia: “Jesus, o Dominador”. Era uma frase do Apocalipse, onde se fala do “Todo-poderoso”, e que algumas versões da bíblia traduzem como ‘dominador’. Achei tão esquisito. Nunca imaginei um Deus ‘dominador’. Deus não quer dominar ninguém. Só quer salvar, cuidar, acolher, perdoar, amar. Nunca usa a força, nem o poder. Só o amor que atrai. Respeita a liberdade e as escolhas de cada um. É um rei que dá a vida pelo seu povo. É capaz de morrer pra ver seu povo feliz.
Mas Jesus é rei ou não? Depende. Quando dizemos que Pelé foi o ‘rei do futebol’ é porque entendemos que era muito bom nisso, era o melhor. Quando diziam que Xuxa era a ‘rainha dos baixinhos’ é porque entendia de crianças, sabia como se comunicar com elas, era a melhor nisso. Se quisermos dizer que Jesus é o rei do serviço, rei do Amor, rei da justiça, rei da bondade, aí sim. Porque ninguém entende e ninguém é melhor nessas coisas.
Jesus não é como os reis da terra, preocupados com poder e riqueza. Só quer ensinar a verdade e comunicar a vida.
Penso que a melhor imagem do nosso rei é a cena do ‘Lava os pés’, quando ele assume o papel de escravo, de servidor e diz que é essa a herança que quer nos deixar. Ou então a imagem do seu coração aberto na cruz, pra dizer que doava a vida até a última gota pra que tivéssemos a salvação e a vida.
Nosso rei nunca pensa em dominar, mas em servir. Não impõe, mas propõe, oferece o dom. Aceitá-lo como rei é viver o seu ensinamento e seguir os seus passos. É reconhecer que ele é e deve ser o senhor de nossa vida, o centro de tudo, porque seu reinado é pra gerar vida e felicidade.
Embora sendo Rei, ele prefere ser pastor que cuida, cordeiro que salva, pão que sustenta. E a gente comunga não para sair com “um rei na barriga”, mas com o Amor no coração.
Pe. José Antonio de Oliveira

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